sábado, 28 de novembro de 2009

TRIUNFO DA DERROTA

DERROTA

Derrota, minha Derrota, minha solidão e meu isolamento.

És para mim mais cara do que um milhar de triunfos,

E mais doce ao meu coração do que toda a glória do mundo.

Derrota, minha Derrota, meu autoconhecimento e meu desafio,

Por ti sei que sou ainda jovem e de pés ligeiros

E acima da cilada de lauréis que murcham.

E em ti encontrei a solidão

E a alegria de ser evitado e desdenhado.

Derrota, minha Derrota, minha brilhante espada e meu escudo,

Em teus olhos li

Que ser entronizado é ser escravizado,

E ser compreendido é ser rebaixado,

E ser alcançado beneficia apenas os outros

E , como um fruto maduro, cair e ser consumido.

Derrota, minha Derrota, minha ousada companheira,

Ouvirás minhas canções e meus gritos e meus silêncios,

E ninguém senão tu me falará do bater das asas,

E da agitação dos mares,

E das montanhas que ardem à noite,

E só tu escalarás as rochas e penhascos da minha alma.

Derrota, minha Derrota, minha coragem que nunca morre,

Tu e eu riremos juntos com a tempestade,

E juntos cavaremos tumbas para tudo o que morre em nós,

E ficaremos de pé ao sol com uma vontade indomável,

E seremos perigosos.

Gibran Khalil Gibran

OS SETE EUS


Na hora mais sossegada da noite, quando eu me encontrava meio adormecido, meus sete Eus sentaram-se e assim conversaram, em sussuro:

Primeiro Eu: Aqui, neste louco, tenho habitado todos estes anos, sem coisa alguma a fazer senão renovar sua dor durante o dia e distrair sua tristeza à noite. Não posso suportar mais tempo meu fado, e agora me rebelo.

Segundo Eu: Tua sorte é melhor que a minha, irmão, pois fui incumbido de ser o Eu alegre deste louco. Rio suas risadas e canto suas horas felizes, e com pés de três asas danço seus mais brilhantes pensamentos. Eu é que devo rebelar-me contra minha fatigante existência.

Terceiro Eu: E que direi eu, o Eu do amor, o tição inflamado de bárbaras paixões e fantásticos desejos? Sou eu, o Eu doente de amor, que me revolto contra este louco.

Quarto Eu: Entre vós todos, sou o mais infeliz, pois nada me foi dado senão abominável ódio e aborrecimento destruidor. Sou eu, o Eu tempestuoso, o único nascido nas negras cavernas do Inferno, que devo protestar por servir a este louco.

Quinto Eu: Não. Sou antes eu, o Eu pensante, o Eu fantasia, o Eu da fome e da sede, o único fadado a vagar sem descanso à procura de coisas desconhecidas e de coisas ainda não criadas. Sou eu, não vós outros, que devo revoltar-me.

Sexto Eu: E eu, o Eu trabalhador, o lastimável obreiro, que, com mãos paciente e olhos ansiosos, afeiçôo os dias em imagens e dou aos informes elementos formas novas e eternas, sou eu, o solitário, que devo revoltar-me contra este louco sem repouso.

Sétimo Eu: Como é estranho que vós todos vos revolteis contra este homem por ter cada um de vós um destino determinado a cumprir. Ah, fosse eu como um de vós, um Eu com um destino determinado! Mas não tenho nenhum, sou o Eu sem ocupação, o que se senta calado e vazio em lugar algum e tempo algum, enquanto estais ocupados recriando a vida. Sois vós ou eu, companheiros, quem se deve revoltar?

Quando o sétimo Eu assim falou, os outros seis olharam-no com pena, mas não disseram mais nada. E, enquanto a noite ia ficando mais profunda, um após o outro foram adormecendo, envoltos numa nova e feliz submissão.

Mas o sétimo Eu permaneceu acordado a olhar para o nada, que está atrás de todas as coisas.

Gibran Khalil Gibran

Culto ao Sofrimento parte II

MÍDIA & RELIGIÃO
O culto ao sofrimento e à dor

Por José Valmir Dantas de Andrade em 14/4/2009

Entre a dor e o sofrimento e a vida como uma construção artística, prazerosa e felicitante, aqueles levam uma larga vantagem sobre esta. Tendo como referência o pensamento de Jean-Paul Sartre, é mister afirmar que o homem é movido por dois tipos de ek-stases: o ek-stase que nos joga no ser-em-si e o que nos engaja no não-ser. O ocidente desenvolveu a teologia sacrifical da negação da vida em suas dimensões físicas e ontológicas, há um ek-stase em sacrificar, depois cultuar aquilo que sacrificamos. É a teoria da culpabilidade típica ao masoquismo e ao sadismo. É incrível como a dor provoca fascínio no ser humano. Há mesmo, um verdadeiro êxtase à dor e ao sofrimento/sacrifício. Vivemos numa sociedade necrófila, ciclotímica e que prescinde à liberdade. Nesta sociedade, onde há dor e vilania, há audiência nos programas e tramas televisivas. É lugar-comum você ouvir uma pessoa alienada se julgando culpada, e ai de quem não assim se sentir! É uma sociedade de sadismo e masoquismo.

Sartre afirma, em seu tratado de fenomenologia ontológica O Ser e o Nada que, "o masoquismo, tal como o sadismo, é assunção da culpabilidade. Sou culpado, com efeito, pelo simples fato de que sou objeto. Culpado frente a mim mesmo, posto que consinto em minha alienação absoluta; culpado frente ao outro, pois dou-lhe a ocasião de ser culpado, ou seja, de abortar a minha liberdade enquanto tal. O masoquismo é uma tentativa, não de fascinar o outro por minha objetividade, mas de fazer com que eu mesmo me fascine por minha objetividade para o outro, ou seja, fazer com que eu me constitua um objeto pelo outro, de tal modo que apreenda não-teticamente minha subjetividade como um nada, em presença do em-si que represento aos olhos do outro. O masoquismo caracteriza-se como uma espécie de vertigem: não a vertigem ante o princípio da rocha e terra, mas frente ao abismo da subjetividade do outro."

Sadismo é negação do ser encarnado

O masoquismo é, portanto, um princípio do fracasso. A tese central de Sartre sobre o masoquismo é a de que é um culto a fracasso, um vício, uma alienação. O sujeito alienado abre mão da sua subjetividade e torna-se um ser simpático à opressão e ao opressor. Por exemplo: o papa é uma figura que vive de braços dados com o capitalismo – que leva mais de um bilhão de pessoas a viverem na mais completa penúria em todo o mundo – mas a figura religiosa deste homem é idolatrada justamente por essas vítimas. O princípio da alienação, do não ser, não se desenvolveria numa sociedade, sem duas coisas básicas: o consentimento à minha alienação e a objetificação do outro, em suma: a manipulação do ser humano e sua

subjetividade num processo de niilismo. Outro objeto de análise para mensurar o comportamento do homem usado por Sartre é o sadismo, uma forma de infiltrar a minha dor no outro.

O sadismo é, partindo deste pressuposto, um pathos, uma patologia. Não foi por um acaso que durante anos, quiçá ainda hoje, os masoquistas eram canonizados pela Igreja Católica. Sartre o define da seguinte forma: "O sadismo é uma paixão, secura e obstinação. É obstinação porque é um estado de um para-si que se capta como comprometido e persiste em seu compromisso sem ter clara consciência do objeto que se propôs nem lembrança precisa do valor que atribuiu a esse compromisso. É secura porque aparece quando o desejo foi esvaziado de sua turvação. O sádico recupera seu corpo enquanto totalidade sintética e centro de ação; recolocou-se na figura perpétua de sua própria faticidade; faz experiência de si mesmo frente ao outro enquanto pura transcendência; tem à turvação para si mesmo e considera-a um estado humilhante; pode até ocorrer, simplesmente, que não consiga realizá-la em si mesmo. Na medida que obstina-se friamente é ao mesmo tempo obstinação e secura, o sádico é um apaixonado. Seu objetivo é, tal qual o desejo, captar e subjugar o outro, não somente enquanto Outro-objeto, mas enquanto pura transcendência encarnada. Mas, no sadismo, a ênfase é dada à apropriação instrumental do Outro-encarnado. Esse momento do sadismo na sexualidade, com efeito, é aquele em que o Para-si encarnado transcende sua encarnação a fim de apropriar-se da encarnação do Outro. Assim, o sadismo é a negação do ser encarnado e fuga de toda faticidade, e, ao mesmo tempo, empenho para apoderar-se da faticidade do outro. (...) O sadismo é um esforço para encarnar o outro pela violência, e esta encarnação `à força´ já deve ser apropriação do outro."

Teatralização da cultura sacrifical

As citações de Sartre foram longas pelo simples objetivo de fazer uma contextualização do culto à dor, à opressão e à antivida cultivadas no Ocidente cristão. Somos frutos de uma filosofia grego-socrática que prescindia dos prazeres em prol da razão e, paralela a esta, a filosofia epicurista do culto ao prazer e à vida; somos filhos da moral judaica, do culto ao sacrifício, e da moral romana, com o culto ao prazer; do lado grego, o deus prazer é Dionisio, do lado romano é Baco. O judaísmo acabou por ter mais influência no nosso meio, pelo menos é que afirma Nietzsche. Prova disso foi o que a mídia fez na semana da páscoa católica.

Ao assistir aos noticiários da televisão na quinta e sexta feira santa, percebi que praticamente todos os telejornais destinaram suas pautas a veicular o sacrifício cristão. O culto à dor e ao sofrimento foi a temática monopolizante das emissoras. A TV Brasil, no seu telejornal noturno, o Repórter Brasil, dedicou a edição de sexta-feira, 10 de abril, quase exclusivamente às encenações de sacrifícios. A figura de um homem ensangüentado era exibida como instrumento de deleite. Havia lugares onde as pessoas praticavam o silício, uma prática medieval de autoflagelo; neste tipo de autoflagelo, algumas pessoas se chicoteiam, num ritual que, segundo a crença, redime as pessoas dos pecados. E, na maioria das vezes, o que as pessoas chamam de pecado é o uso natural da sexualidade.

Há nisto uma negação total da vida no seu sentido natural. Nas Filipinas, chega-se ao absurdo de sacrificar pessoas, tal como Jesus foi crucificado. Tudo seria hilariante se, de fato, a nossa sociedade não fosse realmente uma sociedade antivida, como ela é. Ali, infelizmente, o que há é uma teatralização da cultura sacrifical do nosso mundo objetificante. Numa sociedade como esta, queimar um índio vivo é visto como normal porque se está queimando um objeto; o ato bárbaro de arrastar uma criança pelas ruas da cidade despersonaliza e despersonalizante é visto, por quem assim o fez, como normal, afinal, encaram eles que estão arrastando um objeto.

Uma instituição sádica e masoquista

É uma ideologia da dominação e da alienação. É arte do culto ao nada, uma forma de resignação ao sistema que sacrifica milhões de vidas. Já não sabemos o que mata mais, se é o trânsito, a fome ou a guerra. É, como afirma Schopenhauer, a forma de resignar-me porque há sofrimento no outro maior do que em mim. Na verdade, é uma forma de levar à banalização e aceitação da provocação da dor. Existe a dor em mim, eu a transfiro para o outro. É a arte de viver da fé, só não se sabe fé em que.

É incrível como o culto à dor atrai, como a mídia, mesmo os veículos que são fervorosos defensores da secularização do Estado e da imprensa são atraídos pelo ápice da dor. Na semana em que a Igreja celebra a morte de Cristo, a freqüência às Igrejas aumenta significativamente. Seria por que nós estamos vivendo numa sociedade de morte ou por que o homem é naturalmente atraído pela dor e a morte?

A Igreja tem um discurso em defesa da vida, mas é pura retórica. Se formos contar as vidas que esta instituição já ceifou por suas próprias mãos, serão milhões e milhões; se formos contar as vidas ceifadas com a sua conivência, seriam mais muitos milhões; e, quiçá, a Igreja ainda continua ceifando vidas. Quando ela se intromete nas políticas de planejamento familiar, está agindo contra a vida; só no Brasil, são mais 40 mil mortes por ano de jovens que nascem e, mal iniciam suas vidas, são ceifados pela situação de desumanidade instalada onde vivem. A pesquisa com células-tronco é uma esperança de vida e de melhores condições de vida para milhões de pessoas; no entanto, a Igreja, uma instituição sádica e masoquista, tem se colocado contra estas pesquisas. É como diz Sartre, uma forma de encarnar-se no outro e apropriar-se do outro para fazer este sofrer, só porque ela cultua a dor.

Site: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=533FDS012

Sábado, 28 de novembro de 2009

Culto ao Sofrimento parte I

O Culto ao sofrimento - O mérito em sofrer
Verônica Böhme

Com o sociólogo Edgar Morin aprendi que os encontros sociais, da grande maioria da população, se davam atrás das igrejas onde os mortos eram enterrados. Assim, em certas regiões da Europa na idade média, ao lado de cadáveres comia-se com naturalidade um churrasquinho, tomava-se algo equivalente a nossa cervejinha, contava-se histórias, ria-se, e, imagino eu, que as crianças corriam sorridentes de lá para lá, enquanto os adolescentes se paqueravam. São costumes de época, o que é estranho e inconcebível para nós, fora natural para eles.
Seguindo essa ótica, me nasce a esperança e meu coração se enche de um reconforto aquietador: creio sinceramente que nos séculos futuros não haverá mais “O culto ao sofrimento”, “O mérito em sofrer”. Apesar de ser desta época, não posso compreender, nem aceitar como a grande maioria das pessoas, no Brasil e no Mundo, carrega o sofrimento da mesma forma que um rei carrega uma coroa, e a mostra como um atleta olímpico exibe seu troféu: com plena glória e satisfação.
Refiro-me a homens e mulheres que partilham preferencialmente, e com certo entusiasmo, problemas, desgraças, sofrimentos de maneira tão prolongada e contínua, que eu até desconfio que sintam, misteriosamente, um prazer nisso.
Prazer em sofrer, prazer em ver o outro sofrer, prazer em causar sofrimento, prazer em falar do sofrimento...serão resquícios da idade média onde assistia-se a enforcamentos, decapitações, chicoteamentos como espetáculos de lazer e diversão?
Hoje, com vestes diferenciadas, o sofrimento continua a ser cultuado: nos filmes, noticiários, na mídia; a violência, a pobreza e a dor continuam a ser o grande espetáculo mundial. Também podemos observar esse fenômeno na nossa vida cotidiana: são familiares, amigos, colegas de trabalho que mantêm o culto ao sofrimento através, por exemplo, das apostas implícitas para ver quem sofreu mais. Um, diz que ficou dois meses sem poder mexer a perna, o outro rebate dizendo que tem enxaqueca e as dores são insuportáveis. O primeiro, inconformado por sua dor ter sido diminuída, rebate ainda com mais força dizendo que além de não poder mexer a perna, devia tomar uma injeção diária que era muito, mas muito dolorida: a maior ofensa é alguém ter sofrido menos que você, não senhor!, você vai provar que, sim, você sofreu mais. É o mérito em sofrer.
Vitórias, alegrias, são como migalhas que sujam a mesa e rapidamente devem jogadas no chão, para não serem vistas, para passarem desapercebidas. Para o sofrimento, no entanto, está guardado um lugar no pedestal, para ser visto à longa distância e por todos.
Sofrimento merece compaixão, solidariedade, sem espetáculos de mídia, sem prazeres pessoais em divulgá-los. São momentos que pedem isolamento, o apoio de um ombro amigo, o apelo ao Divino. Mesmo que não entendamos a razão do sofrimento e que não possamos nos livrar dele, de todo, por toda uma vida, faço votos que ele seja algo ruim, para ser superado, esquecido e não um troféu para momentos especiais, um motivo para exigir mais respeito ou uma arma secreta para impor algum tipo de poder.
Desejo que neste ano novo finquemos mais passos para que os costumes das próximas épocas sejam o de cultuar e de dar méritos às vitórias, à boa saúde, à alegria e à felicidade.

Site: http://www.veronicabohme.com.br/O%20Culto%20ao%20sofrimento.htm

Sábado, 28 de novembro de 2009.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SOBRE SI MESMO

A Harmonia Oculta - Rajneesh (Osho)

“É PRÓPRIO A TODOS OS HOMENS O
CONHECER A SI MESMO E SER MODERADO"

Heráclito

"Toda a sua vida, tal como ela é, como é aprovada pela sociedade, pelo Estado, pela Igreja, está baseada na auto-ignorância.
Você vive sem se conhecer, porque a A sociedade não quer que você se conheça. É perigoso para a sociedade. Um homem que conhece a si mesmo está destinado a ser rebelde. O conhecimento é a maior das rebeldias, quer dizer, o auto conhecimento, não o conhecimento acumulado através de escrituras, não o conhecimento encontrado nas universidades, mas o conhecimento que acontece quando você encontra o seu próprio ser , quando chega a si mesmo na sua nudez total; quando você se vê como Deus o vê, não como a sociedade gostaria de vê-lo; quando você vê o seu ser natural, no seu florescimento total e selvagem - não o fenómeno civilizado, condicionado, educado, polido.A sociedade está interessada em fazer de você um robô, não um revolucionário, porque o robô é mais útil. É fácil dominar um robô; é quase impossível dominar um homem de auto conhecimento. Como se pode dominar um Jesus? Como se pode dominar um Buda ou um Heráclito? Ele não cederá, não obedecerá ordens. Ele se moverá, através de seu próprio ser. Será como o vento, como as nuvens; ele se moverá como os rios. Será selvagem - naturalmente belo, natural, mas perigoso para a falsa sociedade. Ele não se ajustará. A menos que criemos no mundo uma sociedade natural, um Buda continuará sendo sempre um desajustado, um Jesus certamente será crucificado. A sociedade quer dominar as classes privilegiadas querem dominar, oprimir, explorar. Gostariam que você permanecesse completamente inconsciente de si mesmo. Esta é a primeira dificuldade. E a pessoa tem de nascer numa sociedade. Os pais fazem parte da sociedade, os professores fazem parte da sociedade. A sociedade está em toda parte, à sua volta. Parece realmente impossível - como escapar? Como encontrar a porta que leva de volta à natureza? Você está cercado por todos os lados. Algumas coisas devem ser ditas antes de introduzirmos este sutra de Heráclito: Primeiro: conhecer a si mesmo é a coisa mais difícil. Não deveria ser assim. Deveria ser exactamente o oposto - a coisa mais simples. Mas não é, por muitas razões. Tomou-se tão complicado, pois você investiu tanto na auto-ignorância que parece quase impossível retornar, voltar à fonte, encontrar a si mesmo.
Esta é uma dificuldade ainda maior do que a primeira. Você pode evitar a sociedade, mas como evitar o seu próprio ego?
Esse homem será uma liberdade aqui neste seu mundo de escravidão. Você gostaria de não ser explorado? Sim, você responderá, você gostaria de não ser explorado. Gostaria de não ser um prisioneiro? Sim, você gostaria de não ser um prisioneiro. Mas gostaria também da outra coisa? - de não prender ninguém? Não dominar, não oprimir e explorar? Não matar o espírito, não transformar o outro num objecto? ego? Você sente medo - porque um homem de conhecimento simplesmente não pensa em termos de posse, de domínio, de poder. E inocente como uma criança. Ele gostaria de viver totalmente livre, e gostaria que os outros também vivessem livres. Isso é difícil. E lembre-se: se você quiser dominar, você será dominado. Se você quiser explorar, você será explorado. Se você quiser que alguém seja seu escravo, você será escravizado. Os dois lados pertencem à mesma moeda. Esta é a dificuldade do auto conhecimento. Senão, o auto conhecimento seria a coisa mais simples, a mais fácil. Não haveria nenhuma necessidade de se fazer qualquer esforço.
Os esforços são necessários para essas duas coisas, elas são as barreiras. Observe e veja essas duas barreiras, e comece abandonando a sua. Primeiro, pare de dominar, de possuir e explorar, e de repente será capaz de escapar da armadilha da sociedade.
O ego é o problema é por isso que você não se pode conhecer. O ego lhe dá indubitáveis imagens falsas de si mesmo. E se você carrega essas imagens consigo durante muito tempo, começa a sentirmedo. Teme que se a sua imagem desmoronar, a sua identidade será quebrada. Você cria uma falsa face e depois sente medo: se essa máscara cair, quem será você? Você enlouquecerá. Você investiu demais nela. E todos pensam em si mesmos em termos tão elevados, em termos tão falsos; ninguém concorda com eles, ninguém os aprova, mas o ego deles acha que todos estão errados. "
Extraído do livro:
"A Harmonia Oculta"
Rajneesh (Osho)

COMPREENSÃO E TRANSCENDÊNCIA

Sexo, Amor e Oração:

Três Passos ao Divino

Descreva-nos, por favor, o significado espiritual da energia sexual. Como podemos sublimar e espiritualizar o sexo? É possível ter sexo, fazer amor com meditação, como um trampolim em direção a níveis mais altos de consciência?

Não há tal coisa chamada energia sexual. A energia é uma e a mesma. O sexo é uma saída para ela, é uma direção para ela; é uma das aplicações da energia. A energia da vida é uma, mas ela pode manifestar-se em muitas direções. O sexo é uma delas. Quando a energia da vida torna-se biológica, torna-se energia sexual.

O sexo é apenas uma aplicação da energia da vida. Assim, não há a questão da sublimação. Se a energia da vida flui em outra direção não há sexo. Mas não é uma sublimação; é uma transformação.

Sexo é o fluxo natural, biológico, da energia da vida e a aplicação mais baixa dela. É natural porque a vida não pode existir sem ela, e a mais baixa porque é a fundação, a base, não o cume. Quando o sexo torna-se a totalidade, toda a vida é apenas uma perda. É como se fizéssemos um alicerce e continuássemos a fazê-lo sem jamais construir a casa para a qual o alicerce é destinado.

Sexo é apenas uma oportunidade para uma transformação mais alta da energia da vida. No que diz respeito a ele em si está correto, mas quando o sexo se torna o todo, quando converte-se na única saída para a energia da vida, então torna-se destrutivo. Pode ser apenas o meio, não o fim. E os meios tem significado somente quando quando os fins são atingidos. Quando um homem abusa dos meios, todo propósito é destruído. Se o sexo se torna o centro da vida (como tem se tornado), então os meios se tansformam nos fins. O sexo cria o alicerce biológico para a vida existir, continuar. Isto é um meio; não deveria se tornar um fim.

No momento em que o sexo se transforma no fim, a dimensão espiritual se perde. Mas se o sexo se torna meditativo, então é direcionado a dimensões espirituais. Ele converte-se na pedra de alicerce, num trampolim.

Não há necessidade de sublimação, porque a energia como tal, não é nem sexual, nem espiritual. A energia é sempre neutra. Em si mesma, ela é inomimada. Ono me não é o nome da energia em si; é o nome da forma que a energia toma. Quando você diz que a energia é sexual, significa que a energia flui através de uma saída sexual, através de uma saída biológica. A mesma energia é energia espiritual quando flui ao divino.

A energia em si é neutra. Quando é expressa biologicamente é sexo; expressa emocionalmente pode tornar-se amor, pode tornar-se ódio, pode tornar-se raiva; quando se expressa intelectualmente, pode tornar-se científica, pode tornar-se literária; quando se move pelo corpo, pode tornar-se física; quando se move pela mente, se transforma em mental. As diferenças não são diferenças da energia como tal, mas das manifestações aplicadas dela. (...)

Você pergunta o que o indivíduo pode fazer com relação ao sexo. Qualquer coisa feita diretamente ao sexo é uma repressão. Há somente métodos indiretos com os quais você não se relaciona de forma alguma com a energia sexual, ao invés disto, você busca abrir a porta do divino. Quando a porta ao divino se abre, todas as energias que estão em você começam a fluir em direção a essa porta. O sexo é absorvido. Sempre que um deleite mais alto torna-se possível, as formas mais baixas de prazer tornam-se irrelevantes. Você não deve reprimi-los ou lutar contra elas. Elas apenas murcham. O sexo não é sublimado; é transformado.

Qualquer coisa feita negativamente com o sexo, não transformará a energia. Ao contrário, criará um conflito dentro de você que será destrutivo. Quando você luta contra uma energia, você luta contra você mesmo. Ninguém pode ganhar a luta. Num momento você sentirá que venceu. Isso acontecerá continuamente. Às vezes não haverá sexo e você sentirá que o controlou e no momento seguinte sentirá o impulso do sexo de novo e tudo que você parecia ter ganho será perdido. Ninguém pode vencer uma luta contra a sua própria energia.

Se as suas energias são necessárias em algum outro lugar, em algum lugar mais deleitoso, o sexo desaparecerá. Não que a energia esteja sublimada. Não que você tenha feito algo. Ao contrário, um novo caminho em direção a deleite maior abriu-se para você e automaticamente, espontaneamente, a energia começa a fluir em direção à nova porta. (...)

Sublimação é uma palavra feia. Carrega um tom de antagonismo, de conflito nela. O sexo deveria ser encarado pelo que é. É apenas o alicerce biológico para a vida existir. Não lhe dê qualquer significado espiritual ou antiespiritual. Simplesmente entenda-o como o fato que é. (...)

Assim como você tem olhos e mãos, também você tem sexo. Você não é contra os seus olhos ou suas mãos. Não seja contra o sexo. Você não é contra os seus olhos ou suas mãos. Não seja contra o sexo. Então, a questão do que fazer com relação ao sexo torna-se irrelevante. Criar uma dicotomia a favor ou contra o sexo é sem sentido. É um fato dado. Você veio à existência através do sexo. E você tem um programa esquematizado para novamente dar nascimento através do sexo. Você é parte de uma grande continuidade. Seu corpo vai morrer. Ele tem um programa estabelecido para criar outro corpo para substituí-lo.

A morte é certa. Eis porque o sexo é tão obscecante. Você não estará aqui para sempre, assim você terá que substituí-lo por um corpo mais novo, uma réplica. O sexo é tão importante, porque toda a natureza insite nele; caso contrário, o homem não poderia continuar a ser. Se fosse voluntário, não haveria ninguém na Terra. O sexo é tão obcecante, tão compulsivo, o impulso sexual é tão intenso, porque toda a natureza é a favor dele. Sem ele, a vida não poderia existir. (...)

Assim, bramacharya (celibato monástico, para os hindus) tornou-se critério para saber se a pessoa alcançou o divino. Então o sexo, tal como existe nos seres normais, não existirá para ela.

Isto não significa que por abandonar o sexo, alguém atingirá o divino. O reverso é uma falácia. A pessoa que encontrou diamentes, joga fora as pedras que estava carregando, mas o reverso disto não é verdadeiro. (...).

Então você estará num meio-termo. Você terá uma mente reprimida, não uma mente transcendente. O sexo continuará a borbulhar dentro de você e criará um inferno interior. Isto não é ir além do sexo. Quando o sexo torna-se reprimido, torna-se feio, doentio, neurótico. Torna-se pervetido.

A assim chamada atitude religiosa com relação ao sexo criou uma sexualidade pervertida, uma cultura que é completamente neurótica sexualmente. Eu não sou a favor dela. Sexo é um fato biológico; não há nada errado nele. Assim, não o combata ou ele se tornará pervertido, e o sexo pervertido não é um passo para a frente. É uma queda para baixo da normalidade; é um passo em direção à insanidade. Quando a repressão torna-se tão intensa que você não pode prolongá-la, então ela explode _ e nessa explosão, você se perderá. (...).”

Bhagwan Shree Rajneesh (Osho)

Do livro: PSICOLOGIA DO ESOTÉRICO. Ícone. São Paulo. 1991

“ABSTINÊNCIA:

“Você pode ser um celibatário, mas ser um celibatário não significa ter ido além da sexualidade. A sexualidade já está em você. A partir do momento em que estava no útero de sua mãe, você já era um ser sexual. Não há como evitar isso. Tudo o que pode fazer é reprimir esse aspecto. Você irá se tornar pouco natural, e toda a sua vida será uma vida pervertida. A repressão é possível, mas a transcendência não.”

TRANSCENDÊNCIA:

“A transcendência é exatamente o que define a meditação. Cada um de nós precisa transcender três coisas para que a quarta seja alcançada. A quarta coisa é nossa verdadeira natureza. Gurdjieff costumava chamar isso de “o quarto caminho”, e, no Oriente, temos chamdo o estado último do ser de turiya, “o quarto”.

Temos que transcender o corpo_ essa é nossa borda mais externa. Temos que nos tornar perceptivos de que estamos no corpo, mas não somos o corpo. O corpo é belo e precisamos cuidar dele, é preciso amar o próprio corpo. Ele está servindo a você da forma mais bela. Nunca devemos nos colocar de forma antagônica ao corpo.

As religiões ensinaram as pessoas a renegarem seus corpos, a torturarem seus corpos. Chamam isso de “ascetismo”. Isso é uma completa estupidez! Pensam que, se torturarem o corpo, serão capazes de transcendê-lo. Estão completamente errados.

A única forma de transcedência é através da percepção, não da tortura. Não há sentido nessa tortura! Você não tortura sua casa: você sabe que você não é a sua casa, ela é apenas uma moradia. Basta ter essa percepção. Não é preciso jejuar, não é preciso ficar apoiado sobre sua cabeça, não é necessário contorcer seu corpo em mil e uma posturas. Apenas observe, torne-se perceptivo, isso basta. A mesma coisa é a chave para outras transcendências.

Em segundo lugar, você tem que transcender a mente. Ela é um segundo círculo concêntrico, que está mais próximo de seu ser do que seu corpo. O corpo é mais grosseiro, a mente é mais sutil, e depois há algo ainda mais sutil: seu coração _ o mundo de seus sentimentos, emoções, humores. Mas a chave é a mesma.

Comece pelo corpo porque ele é a coisa mais fácil de ser observada. É um objeto. Pensamentos também são objetos, mas são menos visíveis. Uma vez que tenha se tornado perceptivo em relação ao corpo, você também será capaz de observar seus pensamentos. E uma vez que tenha se tornado perceptivo de seus pensamentos, você será capaz de observar seus humores também, mas estes são os mais sutis. Então é apenas no terceiro estado que essa percepção deve ser buscada. Uma vez que uma pessoa passe a estar perceptiva desses três círculos concêntricos em torno de seu próprio centro, o quarto suge por conta própria. Subitamente você sabe quem você é _ não verbalmente, porque não recebe uma resposta, não pode explicar isso a ninguém, mas você sabe. Da mesma forma que sabe quando tem uma dor de cabeça, está com fome ou sede, ou ainda que se apaixonou.

Você não pode provar isso, não há como provar isso, mas você sabe. E esse saber é evidente em si mesmo: não há como suspeitar dele, é inquestionável. Quando alguém atinge o quarto estágio, esse alguém transcendeu o mundo.

Eu não ensino a renúncia ao mundo. Ensino a transcendência do mundo, e esse é o caminho.”

Osho de A a Z. Sextante. São Paulo. 2004.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Uma saída para um beco sem saída


“Querido Osho,
Eu venho de uma família na qual ocorreram quatro suicídios no lado materno, incluindo minha avó. Como isto afeta a morte de uma pessoa? O que pode ajudar a superar essa perversão da morte que é um tema presente na família?

O fenômeno da morte é um dos mais misteriosos e assim também é o fenômeno do suicídio. Não defina o suicídio a partir da sua superfície. Ele pode significar muitas coisas. A minha compreensão é que as pessoas que cometem suicídio são as mais sensíveis no mundo, elas são muito inteligentes. Por causa de sua sensibilidade e de sua inteligência, elas têm dificuldade para conviver com este mundo neurótico.
A sociedade é neurótica. Ela existe sobre bases neuróticas. Toda a sua história é uma história de loucuras, de violência, guerras e destruições. Alguém diz, ‘Meu país é o maior do mundo’. Isto é uma neurose. Um outro diz, ‘Minha religião é a maior e a mais evoluída do mundo’. Esta é outra neurose. E estas neuroses já entranharam no sangue e nos ossos e as pessoas tornaram-se muito embotadas e insensíveis. Elas tiveram que se tornar assim, caso contrário a vida ficaria impossível.
Você tem que se tornar insensível para conviver com essa vida dura ao seu redor. Senão, você ficará fora de sintonia. Se você não estiver em sintonia com a sociedade, ela declara que você está louco. A sociedade é louca, mas se você não estiver ajustado a ela, você é declarado louco. Assim, ou você se torna louco ou tem que encontrar um jeito de sair da sociedade. O suicídio é isto: a vida se torna intolerável. Parece ser impossível conviver com tantas pessoas ao seu redor, sendo todas elas insanas. (...)
Neste mundo neurótico, se você for sadio, sensível e inteligente, ou ficará louco ou cometerá suicídio – ou você terá que se tornar um sannyasin. Que outra possibilidade existe?
Quem formulou esta pergunta foi a Jane Ferber. Ela é esposa do Bodhicitta. Ela veio a mim na hora certa. Ela pode tornar-se uma sannyasin e evitar o suicídio.
No Oriente não acontecem tantos suicídios, porque o sannyas é uma alternativa. Você pode abandonar tudo com muito respeito. O Oriente aceita isto. Você pode começar a fazer as suas próprias coisas, o Oriente tem respeito por isto. É de cinco vezes a diferença entre a Índia e os Estados Unidos, para cada indiano que comete suicídio, cinco americanos fazem o mesmo. E o fenômeno do suicídio está crescendo nos Estados Unidos. A inteligência está crescendo, a sensibilidade está crescendo, enquanto a sociedade está ficando mais embotada. E a sociedade não provê um mundo inteligente. Então, o que fazer? Continuar sofrendo desnecessariamente?

Daí, a pessoa começa a pensar, ‘Por que não abandonar tudo isto? Por que não acabar com tudo? Por que não devolver o bilhete de entrada para Deus?’ Se o sannyas tornar-se um grande movimento nos Estados Unidos, a taxa de suicídio vai começar a cair porque as pessoas terão uma alternativa muito melhor e mais criativa do que abandonar tudo. Você já observou que os hippies não cometem suicídio? É no mundo quadrado, no mundo convencional, que o suicídio predomina. O hippie abandonou tudo. Ele é um tipo de sannyasin, ainda não totalmente alerta quanto ao que está fazendo, mas está no rumo certo; movimentando-se, tateando no escuro, mas indo na direção certa. O hippie é o começo do sannyas. Ele diz, ‘Eu não quero fazer parte desse jogo podre, eu não quero fazer parte desse jogo político. Eu vejo como as coisas são, mas gostaria de viver a minha própria vida. Eu não quero tornar-me escravo de alguém. Eu não quero morrer numa guerra. Eu não quero combater, pois existem coisas muito mais bonitas para serem feitas.’


The Journey - Osho Neo Tarot

Mas para milhões, nada existe. A sociedade tirou todas as suas possibilidades de crescimento. Eles estão amarrados. As pessoas cometem suicídio porque elas estão se sentindo amarradas e não vêem algum jeito de sair dessa situação. Elas chegaram a um beco sem saída. E quanto mais inteligente você for, mais cedo você chegará a esse beco sem saída, a esse impasse. Então, o que se espera que você faça? A sociedade não lhe dá alternativa alguma nem permite uma sociedade alternativa.
O sannyas é uma sociedade alternativa. Parece estranho que na Índia a taxa de suicídio seja a mais baixa do mundo. Logicamente deveria ser a mais alta, porque as pessoas estão sofrendo, são miseráveis, estão famintas. Mas este estranho fenômeno acontece em todo lugar: o povo pobre não comete suicídio. Eles não têm um motivo para viver, nem para morrer. Uma vez que eles estão famintos, a sua ocupação é com comida, abrigo, dinheiro, coisas assim. Eles não podem se dar o luxo de pensar em suicídio; eles não têm ainda essa abundância. Os Estados Unidos têm tudo enquanto a Índia nada tem.
Há poucos dias, eu estava lendo um texto que dizia, ‘Os americanos têm um risonho Jimmy Carter, Johnny Cash e o Bob Hope, enquanto os indianos têm um seco, insensível e morto Morarji Desai, nenhum dinheiro (cash) e muito pouca esperança (hope).’
Mas, ainda assim, as pessoas não cometem suicídio. Elas continuam vivendo e curtindo a vida. Mesmo os mendigos estão vibrantes e excitados. Não há motivo algum para excitação, mas eles têm esperança.
Por que o suicídio acontece tanto nos Estados Unidos? Os problemas comuns da vida desapareceram, a mente está livre para elevar-se além da consciência comum. A mente pode elevar-se além do corpo, além dela mesma. A consciência está pronta para abrir suas asas, mas a sociedade não o permite. Em cada dez suicídios, nove são de pessoas sensíveis. Vendo a falta de sentido na vida, a indignidade que a vida impõe, os compromissos que têm que assumir em troca de nada, vendo toda a melancolia, olhando ao redor e vendo essa ‘história contada por um idiota, sem qualquer significado’, eles decidem livrar-se do corpo. Se eles pudessem ter asas no corpo, eles não teriam tomado tal decisão.
O suicídio tem também um outro significado, e isto tem que ser entendido. Na vida tudo parece ser comum, simples imitação. Você não pode ter um carro que os outros não têm. Milhões de pessoas têm o mesmo carro que você tem. Milhões de pessoas estão vivendo a mesma vida que você, vendo o mesmo filme, o mesmo programa de TV, lendo o mesmo jornal. A vida é tão comum, nada de único é deixado para você fazer, para você ser. O suicídio parece ser um fenômeno único: somente você pode morrer por si mesmo; ninguém mais pode morrer por você. A sua morte será a sua morte, não será a morte de ninguém mais. A morte é única.
Veja este fenômeno: a morte é única. Ela o define como indivíduo, ela lhe dá individualidade. A sociedade tirou a sua individualidade; você é apenas um dente na engrenagem, substituível. Se você morrer, ninguém irá sentir sua falta, você será substituído. Se você é um professor universitário, um outro professor universitário irá substituí-lo. Mesmo se você for o Presidente da República, no momento em que não for mais, um outro se tornará Presidente, imediatamente. Você é substituível.
Dói saber que seu valor não é muito, que não sentirão a sua falta, que um dia você vai desaparecer e, logo depois, aquelas pessoas que ainda se lembram de você irão também desaparecer. E então, será como se você nunca tivesse estado ali. Simplesmente pense em tal dia. Você vai desaparecer... Sim, por um certo tempo as pessoas irão se lembrar, o seu namorado irá se lembrar de você, seus filhos irão se lembrar, talvez uns poucos amigos também. Mas, pouco a pouco, a memória que eles têm de você vai perder as cores, vai se enfraquecer e começará a desaparecer. Talvez, enquanto estiverem vivas, aquelas pessoas com as quais você teve um certo tipo de intimidade, irão lembrar-se de você, de vez em quando. Mas uma vez que elas também tenham ido, você simplesmente desaparecerá, como se nunca tivesse existido. Então não haverá qualquer diferença se você esteve aqui ou não.
A vida não lhe dá um único respeito. Isto é muito humilhante. Isto leva você para um buraco onde você nada mais é que um dente na engrenagem, um dente no vasto mecanismo. Isto faz de você um anônimo.
A morte pelo menos é única. E o suicídio é ainda mais único que a morte. Por quê? Porque a morte acontece a você e o suicídio é algo que você faz. A morte está além de você, quando ela chega, simplesmente chega. Mas o suicídio você pode dirigir, você não é uma vítima. Com a morte você será uma vítima, com o suicídio você estará no controle. O nascimento já aconteceu. Você nada pode fazer quanto a isto, e você não fez coisa alguma para nascer. O nascimento foi um acidente.
Existem três coisas na vida que são vitais: nascimento, amor e morte. O nascimento já aconteceu; não há nada mais para se fazer a respeito. Você não foi sequer consultado se queria nascer ou não. Você é uma vítima. O amor também acontece; você nada pode fazer a respeito, você está desamparado. Um dia você se apaixona por alguém e nada consegue fazer quanto a isto. Se você quiser se apaixonar por alguém, não há como controlar isso, é impossível. E se você se apaixonar por alguém e não quiser que essa paixão aconteça, será muito difícil sair de tal situação. O nascimento é um acontecimento, e assim também é o amor. Agora resta apenas a morte a respeito da qual algo pode ser feito: você pode ser uma vítima ou pode decidi-la por si mesmo.
Um suicida é alguém que decide e diz, ‘Deixe-me pelo menos fazer uma coisa nesta existência onde eu sou quase que acidental: eu vou cometer suicídio. Existe pelo menos uma coisa que eu posso fazer.’ O nascimento é impossível fazer; o amor não pode ser criado, se ele já não estiver ali; mas a morte tem uma alternativa. Ou você pode ser uma vítima ou pode ser quem decide.
Esta sociedade tirou-lhe toda a dignidade. É por isto que as pessoas cometem suicídio. O suicídio lhes dá uma certa dignidade. Eles podem dizer a Deus, ‘Eu renunciei ao seu mundo e à sua vida. Eles não tinham valor.’ As pessoas que cometem suicídio são quase sempre mais sensíveis que as outras que continuam vivendo e se arrastando. Mas eu não estou lhe dizendo para cometer suicídio. Eu estou lhe dizendo que existe uma outra possibilidade muito mais elevada. Cada momento da vida pode ser muito lindo, individual, sem imitação e sem repetição. Cada momento pode ser muito precioso! Então não há necessidade alguma de cometer suicídio. Cada momento pode trazer tantas bênçãos e pode defini-lo como único – porque você é único. Nunca existiu alguém como você antes, e nunca existirá depois.
Mas a sociedade o obriga a ser parte de um grande exército. A sociedade não gosta de uma pessoa que segue o seu próprio caminho. A sociedade quer que você seja parte da multidão: seja um hindu, seja um cristão, seja um judeu, seja um americano, seja um indiano – mas seja parte de uma multidão; não importa qual multidão, mas seja parte de uma multidão. Nunca seja você mesmo. E aqueles que querem ser eles mesmos, o sal da terra, estas são as pessoas de maior valor nesta terra. A terra tem um pouco de dignidade e fragrância devido a estas pessoas. Mas elas cometem suicídio.
O sannyas e o suicídio são alternativas. Esta é a minha experiência: você pode se tornar um sannyasin somente quando chegar a um ponto em que, se não for o sannyas, então só lhe resta o suicídio. O sannyas significa, ‘Eu tentarei tornar-me um indivíduo enquanto estou vivo. Eu viverei a minha vida do meu próprio jeito. Eu não serei dominado, não aceitarei que me ditem o que fazer. Eu não funcionarei como um mecanismo, como um robô. Eu não terei ideais nem metas. Eu viverei cada momento, na excitação de cada momento. Eu serei espontâneo e arriscarei tudo por isto.’
O sannyas é um risco.
Jane, eu gostaria de lhe dizer: eu olhei em seus olhos; a possibilidade de suicídio está aí também. Mas não pense que você terá que cometer suicídio – o sannyas cuidará disso. Você é muito mais afortunada que as quatro pessoas de sua família que cometeram suicídio. Na verdade, qualquer pessoa inteligente tem a capacidade de cometer suicídio, somente os idiotas nunca cometem. Você já ouviu falar de algum idiota que cometeu suicídio? Ele não se preocupa com a vida, por que cometer suicídio? Somente uma inteligência rara começa a sentir a necessidade de fazer alguma coisa, porque a vida como está sendo vivida não vale a pena. Assim, ou faça alguma coisa ou mude a sua vida, dê a ela uma nova forma, uma nova direção, uma nova dimensão. Por que continuar carregando esse fardo de pesadelos, dia após dia, ano após ano? E isso vai continuar... A ciência médica está ajudando as pessoas a continuarem por mais tempo ainda – cem anos, cento e vinte anos. E agora essas pessoas estão dizendo que o homem pode viver facilmente até perto dos trezentos anos. Simplesmente imagine se as pessoas tiverem que viver por trezentos anos: a taxa de suicídio irá subir muito, porque mesmo as mentes medíocres começarão a refletir sobre a falta de sentido da vida.


Laughter - Osho Neo Tarot

Inteligência significa ver as coisas em profundidade. A sua vida tem algum sentido? Ela tem alguma alegria? Há alguma poesia nela? Há alguma criatividade? Você se sente agradecido por estar aqui? Você se sente agradecido por ter nascido? Você pode agradecer ao seu Deus? Você pode dizer com todo o seu coração que esta vida é uma bênção? Se você não pode, então por que continuar vivendo? Faça de sua vida uma bênção ou desapareça. Por que continuar carregando seu peso nesta terra? Algum outro pode ocupar o seu espaço e fazer as coisas de um jeito melhor. Este é o pensamento que vem naturalmente a uma mente inteligente. É uma idéia muito natural quando você é inteligente. Pessoas inteligentes cometem suicídio. E entre as pessoas inteligentes, aqueles que são os mais inteligentes tomam sannyas.Eles começam a criar um sentido, uma significância, eles começam a viver. Por que perder esta oportunidade? (...)


Eu não estou dizendo que você deve cometer suicídio. Eu estou dizendo que a sua vida, tal como ela é, está levando você ao suicídio. Mude a sua vida.
E reflita sobre a morte. Ela pode vir a qualquer momento, por isto não considere mórbido pensar sobre a morte. A morte é a culminação da vida, é o próprio crescendo da vida. Você tem que tomar nota disto. A morte está vindo. Isto tem que acontecer. Você tem que se preparar para ela e a única maneira de se preparar para a morte, a maneira correta, não é cometendo suicídio; a maneira correta é morrer a cada momento para o passado. Esta é a maneira correta. Isto é o que se supõe que um sannyasin faça: morrer a cada momento para o passado, nunca carregar o passado por um simples momento. A cada momento, morrer para o passado e nascer para o presente. Isto irá mantê-lo revigorado, jovem, vibrante, radiante; isto irá mantê-lo vivo, pulsante, excitado e extático. E o homem que sabe como morrer a cada momento para o passado, sabe como morrer, e esta é a maior arte e habilidade. Assim, quando a morte chega a tal homem, ele dança com ela, ele abraça-a. Ela é uma amiga, não é inimiga. É Deus que chega a ele sob a forma de morte. É um relaxamento total com a existência. É tornar-se novamente o todo, é voltar a ser um com o todo.
Então, não chame isto de perversão.
Você disse: ‘Eu venho de uma família na qual ocorreram quatro suicídios no lado materno, incluindo minha avó.’
Não condene essas pobres pessoas, e não pense por um momento que elas tenham sido pervertidas.
‘Como isto afeta a morte de uma pessoa? O que pode ajudar a superar essa perversão da morte que é um tema presente na família?’
Não chame isto de perversão; não é. Aquelas pessoas simplesmente foram vítimas. Elas não conseguiram conviver com a sociedade neurótica, e decidiram desaparecer entrando no desconhecido. Tenha compaixão por elas, não as condene. Não as denigre, não dê nomes, não chame isso de perversão ou algo assim. Tenha compaixão por elas e as ame.
Não há necessidade alguma de segui-las, mas tenha sentimentos por elas. Elas devem ter sofrido muito. Não é fácil decidir abandonar a vida; elas devem ter sofrido intensamente; elas devem ter visto o inferno nesta vida. Não se decide facilmente pela morte, porque sobreviver é um instinto natural. Segue-se sobrevivendo a todo tipo de situações e condições. As pessoas continuam comprometendo-se, apenas para sobreviver. Quando alguém abandona a sua vida, isto simplesmente demonstra que está além de sua capacidade comprometer-se; a exigência é demasiada. A exigência é tanta e não vale a pena; somente então é que se decide cometer suicídio. Tenha compaixão para com aquelas pessoas.
E se você sentir que algo está errado, esse algo errado está na sociedade, não naquelas pessoas. A sociedade é pervertida! Numa sociedade primitiva ninguém comete suicídio. Eu estive em tribos primitivas na Índia; por séculos eles nunca souberam de alguém que tivesse cometido suicídio. Eles não têm qualquer registro de suicídio. Por quê? Porque a sociedade é natural, não é pervertida. Ela não conduz as pessoas a coisas não naturais. A sociedade aceita e permite a cada um que tenha o seu jeito, a sua escolha para viver sua vida. Isto é um direito de todo mundo. Mesmo se uma pessoa ficar louca, a sociedade aceita; é seu direito enlouquecer. Não existe condenação. Na verdade, nas sociedades primitivas, as pessoas loucas eram respeitadas como místicas, e havia um certo mistério ao redor delas. Se você olhar para os olhos de um homem louco e para os olhos de um místico, verá alguma semelhança – alguma coisa vasta, indefinida, nebulosa, algo como um caos de onde nascem as estrelas. O místico e o louco têm alguma semelhança.
Todos os loucos podem não ser místicos, mas todos os místicos são loucos. Por louco eu quero dizer que eles foram além da mente. O louco pode ter ido para baixo da mente e o místico pode ter ido além da mente, mas numa coisa eles são semelhantes, ambos não estão em suas mentes. Numa sociedade primitiva, mesmo o louco é respeitado, tremendamente respeitado. Se ele decide enlouquecer, não há problemas. A sociedade cuida de sua alimentação e de seu abrigo. A sociedade o ama, ama a sua loucura. A sociedade não fixa regras; então ninguém comete suicídio porque a liberdade permanece intacta.
Quando a sociedade exige escravidão e segue destruindo a sua liberdade, aleijando-o por todos os lados, paralisando sua alma e matando seu coração, chega-se a um sentimento que é melhor morrer do que se comprometer.
Não os chame de pervertidos. Tenha compaixão por eles; eles sofreram muito, eles foram vítimas. E tente compreender o que aconteceu com eles; isto lhe trará algum insight para a sua própria vida. E não há necessidade alguma de repetir o que eles fizeram, pois eu dou a você uma oportunidade de ser você mesma. Eu abro uma porta para você. Se você estiver entendendo, você verá qual é o ponto, mas se você não estiver entendendo, então será difícil. Eu posso continuar gritando e você ouvirá apenas aquilo que consegue ouvir, aquilo que quer ouvir. (...)

OSHO – The Heart Sutra – Disc n° 4 – pergunta n° 1
Tradução: Sw. Bodhi Champak

Do site:http://www.oshobrasil.com.br/conexaotexto38.htm

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CEDER PARA CRESCER

O incompleto será pleno.

O torto será endireitad0.
O vazio será preenchido.
O consumido será renovado.
Possuir pouco é grande aquisição.
Possuir muito é grande erro.
Por isto, Sábio, abraça a unidade
e esquece de si mesmo.
Sua presença é modelo
para todos os homens.
Não se exibe, por isso resplandece.
Não se vangloria, por isso sobressai.
Não se jacta, por isso
lhe é dado o mérito.
Não se glorifica, por isso é enaltecido.
Porque não rivaliza com ninguém,
ninguém pode lutar com ele.
Os antigos disseram:
"O que é metade deve retornar
a totalidade. Sê humilde e
permanecerás inteiro".
Podem, estas palavras,
considerar-se vazias?

Por Lao-Tsé , Tao Te King

tradução: Albe Pavese.

Sementes Cármicas

Não crie um valor ilusório: você pode se tornar escravo dele.

Wu Jyh Cherng
Sacerdote Taoísta - Presidente da Sociedade Taoísta do Brasil


Quando nossa consciência ainda está no nível do apego, valorizamos, enobrecemos e admiramos demasiadamente a fama, a fortuna e o poder. O homem pensa que precisa ter prestígio social e, por isso, precisa ter recursos, ser famoso e poderoso. Para ter aquilo que não tem, se sacrifica, trabalha em excesso para ganhar dinheiro. Em alguns casos, rouba, faz truques, mente, engana pessoas.

A preocupação em obter ou manter fama, riqueza e prestígio tira a nossa paz. Uma pessoa, antes de alcançar prestígio, fica com medo e, na batalha pela conquista de destaque social e profissional, fica constantemente em estado de alerta e preocupação. Depois de conquistar posição e riqueza, também fica em estado de alerta: quem tem riqueza e prestígio se mantém em estado de alerta permanente porque tem medo de perder o que conquistou.

Quem não tem e quer ter, dedica toda sua atenção e preocupação para gerar dinheiro e riqueza. Quando conquista o que pretende, fica todo o tempo preocupado em manter a riqueza. É um tipo de preocupação diferente, porém, continua a ser gerada. Temos medo e nos sentimos inseguros quando não temos fama, não temos poder, não temos o controle da situação, não temos riqueza, não podemos dominar pessoas ou situações. No entanto quando temos tudo isso, nós ficamos igualmente com medo porque não queremos perder o que conquistamos.

Quem nada tem ou quer não fica em estado de alerta. Na verdade, o ser humano precisa de muito pouco para sua sobrevivência: comer, vestir, trabalhar, morar adequadamente. Existe aquilo que representa o mínimo necessário para uma vida digna e virtuosa e existe todo o resto, geralmente supérfluo, que pode ser dispensado.

Muitas vezes a pessoa entende como necessário algum valor apenas em função do conceito. Existem pessoas que só tomam uísque importado e outras que só usam roupas de grife. Quando o indivíduo se torna prisioneiro desse tipo de conceito, a vida se torna mais desgastante. Ele tem de trabalhar muito, se esforçar para conquistar coisas e, assim, se tornar feliz (ou pensar que está feliz). Obviamente, todos gostam de tomar um bom uísque e vestir uma boa roupa. O que é preciso deixar claro é que a prisão ao conceito de que isso é indispensável à felicidade pode tornar as pessoas desgastadas e preocupadas.

A conquista de prestígio gera orgulho e a humilhação por não consegui-lo provoca a ira. Uma pessoa que se sinta humilhada cria dentro de si um sentimento de raiva, já que nenhum de nós gosta de ser desprestigiado. Podemos não responder imediatamente nem diretamente, mas, lá dentro do coração, criamos a raiva ou o aborrecimento. Tudo ocorre num nível inconsciente, que nem chegamos a perceber. Estes sentimentos são explícitos ou não; aparecem ou não exteriormente.

Conceitos ilusórios

Quando buscamos por algo que a sociedade estabelece como um grande valor e não conseguimos obter, nos sentimos desprezados ou humilhados. O prestígio é o valor que nós determinamos ou adotamos porque outros assim determinaram. Os conceitos podem ser ilusórios. No entanto, a humilhação é um valor, assim como o prestígio também é um valor. Na verdade, a conquista e a perda não passam de ilusões.

O que é real é o que fica na alma.

A pessoa que guarda ira e humilhação dentro de si, não apenas prejudica sua vida emocionalmente como também, quando transmigra para uma outra vida, não leva o corpo de hoje nem a memória consciente, mas leva seus sentimentos. Ou seja: leva para uma outra vida ódio, humilhação, mágoas, tristezas etc.

Tudo o que se leu e compreendeu nessa vida não é mais lembrado quando se acorda como outra pessoa, em outra vida posterior. Apenas levamos conosco as nossas CAPACIDADES. Podemos ter lido muito nessa vida. No entanto, levaremos para a próxima vida uma grande capacidade para a leitura, mas não nos lembraremos daquilo que estudamos anteriormente.

Do mesmo modo, uma pessoa que se sentiu humilhada e desprestigiada nessa vida não se lembrará da humilhação e do desprestígio que sofreu, porém algo restará dentro dela que a levará a ter um temperamento infeliz e revoltado.

Isso é o que o Taoísmo chama de “semente”.

No fim da encarnação, a consciência e a vida se separam. Essa semente fica; levamos conosco para outra vida a natureza do sentimento que resta como personalidade.

Sementes Cármicas

Antes de virmos para essa vida, nascemos com um monte de sementes transmigratórias que trouxemos de outras vidas. Nascemos com mil apegos, vícios, frustrações, costumes, hábitos, mil loucuras, mil felicidades, mil desejos e, quando chega à hora da morte, esta grande aglomeração de memória que se chama “alma humana” se transforma em sementes cármicas.

Conforme a criança cresce, desenvolve o contato sensorial do corpo, as alterações emocionais e, assim, a direção de sua consciência muda. A energia oscila desordenadamente, ora para um lado ora para outro, num estado de dualização. A personalidade torna-se mais complexa e múltipla, gradativamente virão à tona as outras personalidades, aquelas que já existiam mas ainda permaneciam como “sementes”. Novos hábitos do cotidiano vão irrigando, como água jogada nessas sementes, os carmas que, por sua vez, se não nos mantivermos atentos, crescerão e frutificarão.

Como normalmente as pessoas criam carmas e vícios muito rapidamente, além de terem consigo as sementes ressuscitadas como uma floresta dentro de si – e cada árvore dessa floresta já traz novas sementes –, outras arvorezinhas brotam e um mundo de valores vãos é criado e nutrido. No momento da morte, carregam-se muitas dessas sementes adiante. Quanto maior a quantidade de sementes, maior a complexidade e o número de situações difíceis na vida.

Um realizador do Tao deveria ter grande força de vontade para se libertar dos apegos aos laços mundanos. Essa é a força que ele tem de conhecer, encontrar dentro de si mesmo. Ao mesmo tempo, o taoísta tem de ter um coração totalmente feminino, repleto de afetividade, receptividade e humildade, para poder abranger todas as coisas. O ser humano pode conviver com a fama e com a perda da fama, com a fortuna e com a perda da fortuna, com o poder e com a ausência do poder, sem se tornar prisioneiro dos sentimentos e dos conceitos de que essas situações são permeadas. Na verdade, a força a ser invocada, a ser cultivada, é a de dominar a si próprio com a força de vontade para transcender as coisas que prendem o homem aos caminhos da transmigração e aos mundos que o limitam.

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Do site: http://www.terraespiritual.org/tao/tao004.html



Suícidio (por Osho)

BECO SEM SAÍDA


O fenômeno da morte é um dos mais misteriosos e assim também é o fenômeno do suicídio. Não defina o suicídio a partir da sua superfície. Ele pode significar muitas coisas. A minha compreensão é que as pessoas que cometem suicídio são as mais sensíveis no mundo, elas são muito inteligentes. Por causa de sua sensibilidade e de sua inteligência, elas têm dificuldade para conviver com este mundo neurótico.

A sociedade é neurótica. Ela existe sobre bases neuróticas. Toda a sua história é uma história de loucuras, de violência, guerras e destruições. Alguém diz, ‘Meu país é o maior do mundo’. Isto é uma neurose. Outro diz, ‘Minha religião é a maior e a mais evoluída do mundo’. Esta é outra neurose. E estas neuroses já entranharam no sangue e nos ossos e as pessoas tornaram-se muito embotadas e insensíveis. Elas tiveram que se tornar assim, caso contrário a vida ficaria impossível.

REPRESSÃO E PORNOGRAFIA (Osho)


Livro: Saúde Emocional (trecho do cap. 02)

Você já notou um simples fato? Se você tiver a foto de uma linda cadela e mostrá-la a um cachorro, ele não se mostrará nem um pouco interessado. Os cães não são playboys. Não que eles não gostem das cadelas; eles adoram, mas não se interessam por uma foto, por pornografia. Para criar pornografia você precisa dos santos. Primeiro reprima o instinto sexual, o instinto natural, e diga às pessoas que elas são erradas e más. Quando elas reprimem seus instintos sexuais, o instinto reprimido encontra válvulas de escape.

Ora, não é fácil sair por aí e ficar observando as mulheres bonitas que passam na rua. Então, o que fazer? Trancar-se no quarto e folhear a Playboy. É mais seguro; ninguém vai ficar sabendo. Você pode esconder a sua Playboy dentro da Bíblia e fingir que está lendo a Bíblia.

Só o ser humano é pornográfico. Nenhum outro animal é. Esses são simples fatos.
E quem fez com que o homem ficasse pornográfico? Os primitivos não se interessam por pornografia – pelo menos ainda não. As mulheres vivem nuas e andam nuas para lê e para cá, sem medo nenhum. Então, que tipo de civilização é essa em que você diz que vive? Uma mulher não pode andar na rua sem levar um beliscão no traseiro, sem ser tratada de um jeito desumano. Uma mulher não pode andar à noite sozinha, e isso é civilização? As pessoas vivem simplesmente obcecadas por sexo vinte e quatro horas por dia.


Quem provocou essa obsessão no ser humano? Os animais são sexuais, mas não obsessivos; eles são naturais. Quando o sexo se torna uma obsessão, ele assuma formas pervertidas, e essas formas pervertidas estão enraizadas nos moralizadores e em seus ensinamentos.Os religiosos nunca confiaram na natureza humana. Eles falam sobre confiança, mas nunca vivem com confiança. Eles confiam nas regras, nas leis; nunca no amor. Falam sobre Deus, mas isso não passa de conversa fiada. Confiam na polícia, na justiça. Confiam no fogo do inferno. Confiam em criar medo e criar ganância. Se você é virtuoso, bem e moralista, então você vai para o céu e conhece todos os prazeres do paraíso. Ou, se você é imoral, vai sofrer no fogo do inferno – e eternamente, lembre-se, para todo sempre. Essas coisas estão enraizadas no medo e na ganância. Essas pessoas têm manipulado e mente humana por meio do medo e da ganância.

A Mente é Negativa (Osho)

Há uma linda história de Turgenev, "The Fool" [O Idiota].

Houve certa vez, numa cidadezinha, um homem acusado por toda a população de ser o maior idiota que já existiu. Obviamente ele tinha uma vida difícil. Não importava o que dissesse, as pessoas sempre começavam a rir -mesmo que ele estivesse dizendo uma coisa bela e verdadeira.

Mas como ele era conhecido por ser um idiota, um tolo, as pessoas achavam que qualquer coisa que fizesse e dissesse só poderia ser uma estupidez. Ele podia estar citando sábios, mas ainda assim as pessoas riam dele.

Ele procurou um velho sábio e disse que estava pensando em cometer suicídio, pois não suportava mais viver. "Essa acusação constante é demais para mim - não posso mais suportar! Ou você me ajuda a encontrar uma saída ou vou me matar."

O velho sábio deu risada. E disse: "Isso não é problema, não se preocupe. Faça apenas uma coisa: comece a dizer não para tudo; depois volte a me procurar daqui a uma semana. Comece a questionar o que quer que seja. Se alguém disser: 'Olhe, o pôr-do-sol, que beleza!', pergunte no mesmo instante: 'Onde está a beleza? Não vejo nada - prove que há beleza! O que é a beleza? Não existe beleza neste mundo. Isso é pura bobagem!' Insista nas provas, diga: ´Prove onde está a beleza. Deixe-me vê-la, deixe-me tocá-la. Dê uma definição'. Se alguém disser: 'A música é extasiante!', pergunte sem pensar duas vezes, 'O que é êxtase? O que é música? Defina esses termos com clareza. Não acredito em nenhum êxtase, é tudo uma tolice, tudo ilusão. E a música nada mais é do que o barulho'".

"Faça isso todos os dias e, depois de uma semana, me procure. Seja negativo, faça perguntas que ninguém pode responder: 'O que é a beleza, o que é o amor, o que é o êxtase?' O que é a vida, o que é a morte, o que é Deus'".

Depois de sete dias o homem tolo voltou a procurar o sábio, e foiseguido por muitas pessoas. Ele estava muito bem trajado e tinha uma guirlanda na cabeça.

O sábio perguntou: "O que aconteceu?"

E o tolo respondeu: "Foi mágico! Agora a cidade inteira acha que eu sou o homem mais sábio do mundo. Todo mundo acha que eu sou um grande filósofo, um grande pensador. As pessoas se calam diante de mim, sentem medo. Na minha presença, reina o silêncio, pois seja lá o que digam, eu transformo numa pergunta e me torno absolutamente negativo. O seu truque funcionou!"

O sábio perguntou: "Quem são essas pessoas que estão seguindo você?"

Ele disse: "São os meus discípulos - eles querem aprender comigo o que é sabedoria!"

É assim que as coisas são. A mente vive no não, ela só diz não; o seu combustível é dizer não para tudo. A mente é basicamente ateísta, negativa. Não existe mente positiva.

Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa"

To love somebody (Amar alguém) Bee Gees

Bee Gees: To Love Somebody

Amar Alguém

There's a light

Há uma luz

A certain kind of light

Um certo tipo de luz

That never shone on me

Que jamais brilhou pra mim

I want my life to be

Eu quero que minha vida

Lived with you

Transcorra com você

Lived with you

Transcorra com você

There's a way

Há um jeito

Everybody say

Todos dizem

To do each an every little thing

De fazer cada uma e todas as coisas

But what does it bring

Mas de que adianta

If I ain't got you, ain't got you

Se eu não tenho você? Não tenho

CHORUS

Baby, não sabe o que é

Baby, não sabe o que é

Amar alguém

Amar alguém

Como eu amo você

You don't know what it's like, baby

Baby, não sabe o que é

You don't know what it's like

Baby, não sabe o que é

To love somebody

Amar alguém

To love somebody

Amar alguém

The way I love you

Como eu amo você

In my brain

Em minha mente

I see your face again

Vejo seu rosto novamente

I know my frame of mind

Sei como é minha cabeça

You ain't got to be so blind

Não se pode ser tão cego

I'm blind, so so so blind

E eu sou cego, Tão cego

I'm a man, can't you see

Porque sou o homem pra você

What I am

Não vê que sou

I live and breathe for you

Vivo e respiro por você

But what good does it do

Mas de que adianta

If I ain't got you, ain't got you

Se eu não tenho você? Não tenho

Baby, não sabe o que é

Baby, não sabe o que é

Amar alguém

Amar alguém

Como eu amo você

(CHORUS)

(REPEAT CHORUS AND FADE OUT)