domingo, 7 de fevereiro de 2010

Renascimentos Inferiores (Budismo)

Depois de nossa morte, tomaremos renascimento de novo e seguiremos nesse processo por muitas e muitas vidas até atingirmos a iluminação. Existem duas possibilidades para nosso próximo renascimento: como seres de migração feliz ou como seres de migração de sofrimento. Tudo dependerá de nosso carma. O sofrimento causado pela delusão não cessa com o corpo dessa vida, ele tem o potencial de amadurecer como renascimento de sofrimento dos reinos inferiores. Se entendermos a ligação entre o sofrimento destes renascimentos e sua causa, a delusão, descartaremos as negatividades e procuraremos as verdadeiras causas da felicidade.
Os reinos inferiores, Infernos, Fantasmas Famintos ou Animais, refletem os nossos estados mentais, que os fazem surgir, e são criados pelo carma que surge da delusão. O propósito de contemplar os reinos inferiores não é ficarmos petrificados de medo desse tipo de renascimento, e sim incitarmo-nos a eliminar as suas causas e fechar a porta que leva a eles através do Refúgio nas Três Jóias. Quando visualizamos os sofrimentos dos reinos inferiores, somos capazes de orientar nossas mentes na direção das causas da felicidade. Desenvolvemos a renúncia e a compaixão e eliminamos o orgulho e a arrogância. Temos a chance de eliminar da mente as causas para tão desafortunados renascimentos. Se a felicidade é resultado de ações virtuosas, vamos praticá-las com o maior prazer.
A partir de nosso próprio sofrimento podemos inferir ainda o sofrimento dos outros seres. E contemplando o sofrimento nosso e dos outros, desenvolvemos compaixão, renúncia e a mente que aspira a liberação. Para evitar o sofrimento, buscaremos refúgio fortemente. Conhecendo os detalhes das migrações felizes e das migrações de sofrimento, estaremos em posição favorável para escolher onde preferimos renascer e assim fazer os preparativos, gerando as causas para o renascimento desejado. Saberemos o que esperar de um renascimento inferior e tomaremos precauções para não ir parar lá.

MEDITAR NO SOFRIMENTO DOS SERES DOS INFERNOS

Existem quatro tipos de seres dos infernos: seres dos Grandes Infernos, seres dos Infernos Circundantes, seres dos Infernos Gelados, e seres dos Infernos Ocasionais. São muitas as formas de sofrimento e tão intensas que os seres humanos não poderiam sobreviver nesses lugares. Os seres dos infernos apresentam diferentes tipos de corpos, cada um em diferentes circunstâncias por causa de seu carma. Os reinos dos infernos existem em diferentes universos e mesmo neste mundo também. Em alguns lugares do reino humano, há pessoas que estão sempre matando umas às outras ou provocando intenso sofrimento físico ou mental. Essas pessoas, mesmo estando no reino humano, experienciam sofrimento parecido com o dos reinos dos infernos.
Existem oito tipos de existência nos Grandes Infernos:
No Inferno Ressuscitador, os seres lutam e matam uns aos outros e revivem logo após para continuar a lutar e infligir mais dor. No Inferno da Linha Negra, existem guardas do tamanho de montanhas com caras horrendas que estendem os seres no chão e os marcam com linhas negras queimadas. Outros guardas começam a cortar os seres nessas linhas com serrotes e machados. Conforme as partes cortadas do corpo vão desmembrando-se, elas ainda têm consciência, o que causa extremo sofrimento. No Inferno da Destruição em Massa, os seres ficam entre duas montanhas imensas semelhantes aos animais que eles mataram no passado. Essas montanhas juntam-se e esmagam os seres, depois se separam e os seres são revividos para serem esmagados novamente.
No Inferno dos Lamentos, os seres buscam abrigo, motivados por medo, em uma casa de ferro. Mas assim que entram, a case explode em chamas e eles são incinerados em completo terror. Seus lamentos e gritos de dor dão nome a este inferno. No Inferno dos Altos Lamentos, os seres encontram-se em uma casa de ferro dentro de outra e a noção de não ter escapatória e a dor são duas vezes maiores. No Inferno Quente, os seres são perfurados por um espeto de ferro incandescente e depois fritos e revividos para sofrerem novamente. O Inferno Intensamente Quente é duas vezes mais quente que o reino anterior. O Inferno do Tormento Incessante é o pior dos Infernos, pois os seres deste inferno são indistinguíveis do fogo e somente os seus gritos indicam que eles são seres sencientes. São os seres da existência cíclica com sofrimento mais intenso e vivem na infelicidade até que seu carma negativo seja exaurido.
Ao redor de cada um dos oito Grandes Infernos, existe uma cerca de ferro incandescente quadrada com um portão de cada lado. Do lado de fora destes portões estão os Infernos Circundantes. Quando o carma dos seres dos infernos enfraquece, os seres tentam escapar e vão parar no primeiro Inferno Circundante: o Fosso das Cinzas Ígneas. Depois de milhares de anos, conseguem escapar do Fosso e caem no Pântano Pútrido mergulhados até o pescoço. Depois entram no Caminho das Lâminas, depois na Floresta com Folhas de Espada, aí no Bosque da Árvore Shalmali e, por último, no Rio do Líquido Fervente.
Existem oito tipos de Infernos Gelados. Neles, tudo é completa escuridão e não existe calor, sol ou fogo. No Inferno das Bolhas, o corpo dos seres é inteiramente coberto por bolhas provocadas pelo vento gelado. E no Inferno das Bolhas Estouradas, o frio é tão intenso que as bolhas estouram. Os próximos três infernos são progressivamente mais frios e seus nomes indicam os sons produzidos pelos miseráveis seres que os habitam: Inferno do Bater de Dentes, Inferno da Exclamação de Frio e Inferno dos Gemidos. No Inferno do Rachar como Upala, o corpo fica congelado, duro e azul, cheio de rachaduras como uma flor de Upala. No Inferno do Rachar como Lótus e no Inferno do Grande Rachar como Lótus, o mais gelado dos oito, essas rachaduras aumentam mil vezes e são parecidas com flores de lótus.
Os Infernos Ocasionais são situações de sofrimento muitas vezes experienciadas no próprio reino humano como: ser consumido por fogo vulcânico ou ser congelado na neve, ser esmagado em um terremoto ou ser incinerado em um carro acidentado. Durante as guerras, muitos lugares também poderiam ser considerados como infernos.
Dos sofrimentos da existência cíclica, o dos reinos inferiores é o pior e o reino dos Infernos é o pior deles. Devemos reconhecer que somente as faltas de nosso corpo, fala e mente são as causas de renascimentos nos reinos inferiores. Um carma negativo pesado e completo resultará em renascimento nos infernos, uma carma mediano, no reino dos Fantasmas Famintos e um carma mais leve trará renascimento no Reino dos Animais.

MEDITAR NO SOFRIMENTO DOS ANIMAIS

Embora não passem por sofrimento tão intenso como os seres dos Infernos experienciam cinco formas gerais de sofrimento:
1. Sofrimento de ser comidos uns pelos outros: Muitos animais passarão a vida inteira matando e comendo outros animais. Dessa forma criam carma negativo continuamente e não têm nenhuma oportunidade de desenvolver a espiritualidade e alcançar a iluminação. Continuam criando as causas para renascimentos inferiores;
2. Sofrimento de ser estúpido e ignorante: Animais têm uma forte e profunda ignorância. Mesmo que recebam conselhos ou ensinamentos do Darma, por causa de seu carma, continuam condicionados pela ignorância;
3. Sofrimento de sentir calor e frio: Ao contrário dos seres humanos, os animais não têm condições de aliviar o sofrimento das temperaturas extremas, eles devem simplesmente agüentar o frio da neve ou o calor de um deserto;
4. Sofrimento de estar com fome e com sede: Os animais freqüentemente precisam esperar longos períodos de tempo para obter comida ou água;
5. Sofrimento de se explorado para o trabalho: Os animais também preferem evitar o mais leve dos sofrimentos, mas não têm controle sobre suas circunstâncias e nem conseguem comunicar isto aos humanos ou se proteger contra a sua exploração.
Nós humanos não percebemos que os animais, assim como nós, desejam unicamente a felicidade. Por isso é considerado normal que os animais sejam mortos ou maltratados, mas é um horrendo incidente um animal matar um humano. Não consideramos que tanto os animais quanto os humanos funcionam de acordo com a atitude de auto-apreço. As causas de renascer no reino dos animais incluem abandonar o Darma, ser desrespeitoso com o Darma e seus difusores ou criticar outros praticantes espirituais.

MEDITAR NO SOFRIMENTO DOS FANTASMAS FAMINTOS

Os seres dos reinos dos Fantasmas Famintos experienciam principalmente a miséria de não ter comida ou bebida como resultado de negatividades como a avareza e a cobiça. Possuem mais sabedoria que os animais e, às vezes, são capazes de compreender o Darma. Embora o sofrimento dos fantasmas famintos seja maior que o dos animais, um renascimento animal é considerado inferior, pois a estupidez dos animais é um grande obstáculo à prática do Darma. Geralmente os fantasmas famintos habitam os seus próprios reinos desolados, mas alguns se movem continuamente para o reino humano ou para outros reinos. Nem todos possuem uma forma grosseira, alguns possuem uma forma muito sutil.
Os fantasmas famintos são afligidos por três tipos de sofrimentos específicos:
1. Não conseguem satisfazer sua fome e sua sede por causa de obstáculos externos: Os fantasmas famintos sentem sede e fome a todo momento. Embora exista água ou comida perto deles, eles não conseguem percebê-las por causa de obstáculos que surgem de seu carma negativo. Caso consigam percebê-las, experienciam enorme frustração ao ser impedidos de alcançá-las.
2. Não conseguem satisfazer sua fome e sua sede por causa de obstáculos internos: Os fantasmas famintos têm obstáculos físicos que os impedem de beber ou comer quando encontram algo. Alguns conseguem beber ou comer, mas a comida ou a bebida se transformam em substâncias horrendas.
3. Não conseguem satisfazer sua fome e sua sede porque a própria comida e bebida tornam-se obstáculos: Os fantasmas famintos que conseguem encontrar comida e bebida sofrem dores físicas horríveis causadas pelo próprio alimento que se transforma em veneno. Para outros, a comida transforma-se em sujeira ou pus.
Os fantasmas famintos também experienciam seis sofrimentos gerais:
1. O sofrimento do calor: sentem intenso calor da lua;
2. O sofrimento do frio: sentem um frio intenso do sol;
3. O sofrimento da fome: sentem fome por centenas de anos. E, se consomem algo, o alimento transforma-se em fogo em seu estômago;
4. O sofrimento da sede: sentem sede por centenas de anos. E, se consomem algo, a bebida transforma-se em ácido em seu estômago.
5. O sofrimento da fadiga: exaurem-se em busca da comida e da bebida que desaparece como uma miragem;
6. O sofrimento do medo: estão constantemente assustados por ser destruídos por fantasmas famintos maiores ou por ferozes guardiões que protegem a comida e a bebida.
Os fantasmas famintos têm a percepção completamente oposta a dos humanos. Onde humanos percebem um copo d’água, eles percebem pus. No reino humano, existem pessoas que se assemelham fisicamente aos fantasmas famintos. Outros humanos possuem mentalidade similar à dos fantasmas famintos. As principais causas para tal renascimento são a cobiça e a avareza, forte apego à comida, às roupas e assim por diante.
Em geral, as ações negativas são as causas para renascer no inferno, no reino dos fantasmas famintos ou no reino dos animais. Qual dos reinos dependerá da intensidade, da motivação e da energia aplicada às ações negativas. Carmas menos pesados trarão nascimento como fantasma faminto e o menos pesado renascimento como animal. O meio de impedir renascimento nos reinos inferiores e de assegurar renascimento superior é tomar refúgio nas Três Jóias e observar o carma, praticando as dez virtudes. Tendo essa excelente oportunidade de nascimento humano, é importante reconhecer a natureza dos sofrimentos dos reinos inferiores e superiores para nos estimular a extrair o máximo benefício desta vida. Assim podemos superar a preguiça, cultivar o esforço e desenvolver a inspiração de alcançar a liberação, sabendo que os verdadeiros métodos para alcançar a felicidade em existências futuras são: Buscar Refúgio e observar a Lei do Carma.


Do Site:
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http://www.tsongkhapa.org.br/artigos/primeiros_passos/08_Renascimento_%20Inferiores.doc

(domingo, 7 de fevereiro de 2010)

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