sábado, 28 de novembro de 2009

TRIUNFO DA DERROTA

DERROTA

Derrota, minha Derrota, minha solidão e meu isolamento.

És para mim mais cara do que um milhar de triunfos,

E mais doce ao meu coração do que toda a glória do mundo.

Derrota, minha Derrota, meu autoconhecimento e meu desafio,

Por ti sei que sou ainda jovem e de pés ligeiros

E acima da cilada de lauréis que murcham.

E em ti encontrei a solidão

E a alegria de ser evitado e desdenhado.

Derrota, minha Derrota, minha brilhante espada e meu escudo,

Em teus olhos li

Que ser entronizado é ser escravizado,

E ser compreendido é ser rebaixado,

E ser alcançado beneficia apenas os outros

E , como um fruto maduro, cair e ser consumido.

Derrota, minha Derrota, minha ousada companheira,

Ouvirás minhas canções e meus gritos e meus silêncios,

E ninguém senão tu me falará do bater das asas,

E da agitação dos mares,

E das montanhas que ardem à noite,

E só tu escalarás as rochas e penhascos da minha alma.

Derrota, minha Derrota, minha coragem que nunca morre,

Tu e eu riremos juntos com a tempestade,

E juntos cavaremos tumbas para tudo o que morre em nós,

E ficaremos de pé ao sol com uma vontade indomável,

E seremos perigosos.

Gibran Khalil Gibran

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